Faculdade de Ciências e Letras Padre Anchieta

Curso de Pós-graduação Latu-sensu: Ensino e Aprendizagem em Língua Inglesa

Disciplina: Ensino, Didática e Pesquisa

Professor: Nelson Viana

Aluna: Vânia A. Acorci Bighetti

 

 

 

Resenha do artigo: Maneiras de compreender Lingüística Aplicada de José Carlos Paes de Almeida Filho.

 

 

            O artigo se propõe a examinar as diferentes interpretações que norteiam a definição de Lingüística Aplicada (LA daqui por diante).

            O autor entende que a LA no sentido de ciência aplicada auto-consciente, preocupada em encaminhar soluções sistemáticas para questões reais de uso de linguagem, tem uma história bem mais recente no Brasil do que a concepção de LA segundo Gomes de Matos (1980), que afirma que a LA tem como objetivo a aplicação de princípios, técnicas e resultados das investigações teóricas sobre as línguas para a solução de problemas educacionais e sócio-culturais. O autor faz a distinção entre os termos ciência e científica; enquanto para Gomes de Matos a LA é científica, porque tem a ciência da linguagem como sua base subjacente, para Almeida Filho, a LA é científica na medida em que define seu objeto de pesquisa, nomenclaturas e procedimentos explícitos de pesquisa.

             Almeida Filho retoma o conceito de lingüística aplicada na Europa e nos Estados Unidos onde a LA tem sido interpretada como o outro lado da Lingüística. Almeida Filho enumera vários autores como Buckingham e Eskey (1980), que acreditam que a Lingüística e a LA precisam uma da outra, querendo dizer que a LA precisa da teoria e os lingüistas (teóricos) precisam testar as suas teorias nas aplicações. Outros autores, como Anthony (1980) vêem a concepção de LA como aplicação de Lingüística. Há tempos a LA tem sido interpretada como sinônimo de Teoria de Ensino de Línguas. De acordo com Campbell (1980), a tarefa do lingüista aplicado se resume na definição das relações ou ligações entre teorias sobre a natureza da linguagem e o estabelecimento das condições otimizadas de ensino e/ou aprendizagem de línguas.

            Segundo Almeida Filho, o termo LA tem recebido diferentes interpretações. O conceito “aplicada” induz erroneamente o leitor não – especializado a pensar que se trata de disciplina preocupada exclusivamente com a prática de língua ou seu ensino e aprendizagem. No entanto, a LA está intimamente ligada à pesquisa científica para evoluir no terreno teórico.

            No campo de investigação, o autor sugere várias maneiras de caracterizar e definir a LA: observando os problemas ou tópicos, examinando seus fins e objetivos, estudando cuidadosamente suas propostas ou produtos.

            Os problemas ou questões em LA constituem temas e se transformam em objetos de estudo e interpretação. Através da análise dos fins ou objetivos os pesquisadores procuram respostas que consigam explicar e otimizar as relações humanas através do uso de linguagem.

            Um outro caminho para compreensão da LA, segundo Almeida Filho, é examinarmos os produtos, ou seja, as generalizações ou os tipos de propostas formuladas pelos autores pesquisadores. Esses caminhos elucidam a compreensão da LA, mas não são completos. O percurso da pesquisa em LA vai desde a detecção do problema até o encaminhamento de soluções, mas é necessário não somente conhecer as propostas dos autores como também os seus procedimentos.

            O autor apresenta a crença ou a tradição errônea de que a LA teria o sentido de aplicação de Lingüística e como tal, quanto mais lingüista fosse o lingüista aplicado, tanto melhor aplicador ele seria, ou seja, para ser um bom lingüista aplicado, seria suficiente um forte embasamento teórico em Lingüística, uma vez que sua tarefa é o de aplicador de conhecimentos teóricos. Essa posição é muito limitada. É óbvio que o conhecimento básico de Lingüística pode ser absolutamente necessário, mas ao mesmo tempo insuficiente no encaminhamento de soluções para muitos problemas. Almeida Filho reafirma a importância da pesquisa direta dos fenômenos em ação isto é, a investigação, com foco no processo e não somente no produto.